quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Anexo I e outras novidades

Os trabalhos seguem em ritmo intenso e, nas últimas semanas, a construção da sede do Sítio Amarelo entrou definitivamente na reta final, com a fase de acabamentos. Durante as atividades recentes, no entanto, surgiram novidades, como a obra do Anexo I.


A nova construção usa basicamente duas tecnologias sustentáveis: o adobe (tijolos de terra crua) e o superadobe (terra compactada em bombinas de ráfia). Dessa forma, evitamos a derrubada de florestas para a produção de lenha que seria usada na fabricação de tijolos cozidos.


A princípio, a ideia era utilizar o espaço como um depósito para ferramentas e outros objetos. Mas o bioconstrutor Geraldo Bertelli caprichou tanto no serviço que já estamos pensando em transformar a nova construção em um chalé para hóspedes ou outros usos. Diante da indefinição, ganhou o singelo apelido de Anexo I. Em breve, voltaremos com mais detalhes sobre essa obra.


Outra boa notícia fica por conta da construção do nosso fogão à lenha. No caso dessa obra, fomos obrigados a utilizar tijolos cozidos, como forma de garantir a resistência do artefato diante do calor gerado pela peça em funcionamento.


De qualquer forma, foi possível introduzir técnicas da construção natural no fogão caipira. A divisão dos compartimentos da peça foi realizada com a aplicação de pequenas paredes de superadobe.


O piso da casa-mãe também já foi finalizado, utilizando a técnica conhecida como cimento queimado. O resultado apresenta um certo aspecto rústico, mas tem baixo custo e é bastante eficiente quanto à manutenção.


A cozinha recebeu a instalação da pia. A peça foi reaproveitada após o descarte realizado em uma reforma de apartamento em Brasília. No Sítio Amarelo, levamos a sério os conceitos de reciclagem.


A pintura da casa-mãe também começa a se desenhar. Após a retirada dos sacos de superadobe, por meio da queima com uso de maçarico, as paredes externas foram rebocadas e receberam uma primeira demão de tintura à base de cal e cola. O próximo passo será estabelecer um desenho criativo para as fachadas. Amigos artistas, sintam-se convidados para a tarefa...


Calhas para a captação de água da chuva foram instaladas ao redor de toda a casa. O recurso será usado para abastecer reservatórios, que entrarão em uso durante o longo período de estiagem no Cerrado.


Por fim, a fachada frontal ganhou uma proteção de vidros na parte superior, como forma de diminuir a entrada de chuva na varanda. Mais uma vez, utilizamos peças retiradas de reformas de imóveis em Brasília. Essa estratégia tem nos ajudado a reduzir diversos custos.
Por ora, é isso! Demos uma pincelada geral para mostrar como seguem os trabalhos no Sítio Amarelo e, em breve, voltaremos com mais novidades em detalhes. Até logo e feliz 2012 para todos!

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Trabalho em equipe é isso aí

Uma imagem que causa espanto e estranhamento em uma primeira impressão, mas que o olhar atento saberá desvendar a sabedoria e a beleza dos sutis movimentos da natureza. Para evitar possíveis predadores, uma colônia de lagartas se desloca como um único corpo, numa dança sincrônica e insinuante sobre o solo. É o poder da união, que faz os pequenos se tornarem grandes.



Assista acima ao vídeo que mostra a harmonia e a cooperação entre esses pequenos seres, que buscam juntos alcançar um ponto seguro para a evolução – a metamorfose em futuras borboletas.
Quanta coisa nos ensina esse planeta Terra...

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Avanços na obra da sede do Sítio Amarelo

O tempo passa, o trabalho evolui e a obra da sede do Sítio Amarelo caminha para o esperado desfecho. Ainda há bastante a fazer, mas, como se diz por aí, "agora já estamos mais perto do que longe". Acima, vemos a fachada frontal da casa (clique nas imagens para ampliar), com parte da estrutura da cobertura instalada.


Em uma imagem aérea, mais alguns detalhes da estrutura do telhado. A madeira utilizada é o angelim vermelho. Agradecemos à mãe Natureza por nos emprestar tão forte e valioso material. Resta-nos o compromisso de investir em reflorestamento, para que essa vigorosa fartura também se apresente no futuro.


Nesta foto, temos uma lateral e os fundos da casa, feitos em superadobe, servindo de suporte para o futuro telhado. O peso da cobertura exerce um papel importante para consolidar a firmeza das paredes.


A colocação dos portais é um dos momentos representativos da obra, indicando o bom andamento dos trabalhos.


Além da argamassa, o construtor reforça a instalação das peças, prendendo os portais às paredes de adobes, perfurando e os unindo com pequenas estacas de madeira.


E eis as telhas cobrindo a casa. As peças são de cerâmica (mais leves e resistentes do que as tradicionais coloniais de barro), com uma das faces esmaltadas em coloração branca. Um material de excelente qualidade, com encaixe de alto nível, que garantirá boa proteção contra a chuva e o calor.


Apesar de ainda restar vários passos até o acabamento final, a visão interna da casa já chama a atenção. Nesta imagem, a parede que divide a sala com a cozinha, decorada com algumas garrafas.


Em mais uma espiadinha no interior da sede, temos a parede da entrada da casa iluminada pelos raios de sol da manhã.


Por ora, é isso. Esperamos voltar em breve com mais novidades. Despedimo-nos com uma gentil imagem do Cerrado. Apesar da seca e do calor dessa época do ano, as flores desse espetacular bioma insistem em nos presentear. Então, obrigado!

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Os adobes entram em cena

.....clique nas imagens para ampliar.....

Após mais algumas semanas de trabalho, as paredes de adobe da sede do Sítio Amarelo tomam forma. A fachada já está bem definida e recebeu algumas garrafas, com o objetivo de facilitar a entrada de luz natural na casa, além de servirem como uma forma de decoração.

Antes de avançarmos nesta exposição, voltemos um pouco no tempo. Logo após a fabricação das 2 mil peças de adobes, há cerca de seis meses, começou o último período de chuvas, o que nos forçou a interromper os trabalhos por algum tempo. Felizmente, recebemos a doação de uma antiga lona de piscina, que serviu para proteger os tijolos.

Com a chegada de mais uma fase de seca no Cerrado, hora de colocar a mão na massa. A obra segue em ritmo acelerado. Na foto acima, uma visão em detalhe da janela da fachada frontal, feita a partir da utilização de uma manilha.

Nesta imagem, é possível ter noção da divisão da primeira etapa da casa, que terá ao todo cerca de 70 metros quadrados. À esquerda, as entradas para o banheiro e à cozinha. Do lado direito, o espaço da sala.

Caminhando em volta da construção, é curioso observar a interação da obra com a paisagem natural. Aos poucos, a intervenção humana altera o cenário. No nosso caso, no entanto, esperamos levar um impacto positivo à região, promovendo reflorestamentos e abrindo o espaço para a educação ambiental dos futuros visitantes. Na imagem acima, vemos as paredes externas da casa, feitas de superadobe, e a parte mais elevada da fachada frontal e das divisões internas, de adobe.

Nesta foto, uma imagem aérea da primeira etapa da construção. À esquerda, as divisões do banheiro e da cozinha. Do lado direito, a sala.

Em um momento diferente, o mesmo cenário descrito acima. Para dar mais firmeza às paredes e evitar futuras rachaduras, pode-se inserir vergalhões de 1/4 ao longo das fiadas de adobe, ao menos a cada três ou quatro camadas. Outra opção seriam finas ripas de alguma madeira de lei (geralmente sobras em madereiras). Para isso, os tijolos devem sofrer pequenos cortes (sulcos), possibilitando o encaixe apropriado das ripas.

Para finalizar esta publicação, a segunda etapa da casa, com dois quartos na parte mais interna da construção. Em breve, esperamos voltar com mais novidades. A hora de iniciar a cobertura se aproxima. Até logo!

terça-feira, 14 de junho de 2011

A sustentabilidade contagia

Vejam só o que aconteceu após a equipe do Sítio Amarelo iniciar um projeto de bioconstrução. Alguns dos nossos vizinhos no Condomínio Habitat aderiram à ideia e também constróem aplicando técnicas naturais. É o caso do sr. Evenilson, carinhosamente conhecido como Paraíba, que montou uma pequena linha de produção de adobes em sua chácara.

A primeira etapa na fabricação dos adobes é a preparação da massa, que consiste em um bom barro molhado e amassado pelos pés, até se encontrar o ponto ideal. Em algumas situações, caso a terra usada não tenha liga suficiente, adiciona-se fibra vegetal (como palha de arroz) para aumentar a consistência.

Em seguida, o barro é levado para as fôrmas, onde os adobes são modelados.
O ideal, para evitar rachaduras, é que o produto seque à sombra e em local de pouco vento. Com uma boa dupla de trabalho, é possível produzir até
400 peças por dia.

Acima, confira a breve entrevista de um habilidoso fabricante de adobes, originário da comunidade calunga de Monte Alegre (GO).

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Agora vai!

Após longo recesso forçado, devido ao período chuvoso, os trabalhos para construção da sede do Sítio Amarelo foram reiniciados na última semana. As paredes de superadobe, que definem o contorno externo da casa, já atingiram a altura de 2,5m. As primeiras janelas, feitas a partir de manilhas de concreto, também foram inseridas na estrutura.


No vídeo acima, assista à execução da técnica para
confecção da fiada de superadobe.

A escavação mostrada na foto acima servirá para a instalação da fossa de evapotranspiração da casa. Essa técnica permite o saneamento biológico do esgoto, evitando a contaminação do solo e do lençol freático. Parte da terra removida é aproveitada na estrutura da obra.



Em mais um breve vídeo, assista ao trabalho de compactação da terra na produção do superadobe. Primeiro, leves passadas. Depois, entra em cena uma ferramenta específica para o serviço, conhecida como "carinhoso".

Mais adiante, a construção da sede do Sítio Amarelo ainda usará tijolos de adobe nas divisões internas da casa. Obras realizadas com as técnicas empregadas neste projeto têm uso bastante reduzido de ferro e cimento. Além disso, poupam a derrubada e queimada de inúmeras árvores para a fabricação de tijolos cozidos, pois aqui trabalhamos com terra crua. Por esses e outros motivos, pode-se afirmar que se trata de uma atividade ecológica e sustentável.

Em breve, voltaremos com mais novidades!

domingo, 29 de maio de 2011

Uma lição da agroecologia

Vejam que valiosa lição o curso de agroecologia da Escola da Natureza (em Brasília) nos ensina. Para acabar com o mato ao redor de mudas recém-transplantadas para o local definitivo, não é necessário perder tempo e suor capinando o terreno. Basta aplicar a técnica do mulch.
O primeiro passo é cobrir a área a ser protegida com folhas de papel. Vale jornal, papelão e tudo mais, desde que sem resíduos de plástico ou tinta colorida (pois pode haver contaminação do solo por chumbo ou outros metais pesados).


Em seguida, cobre-se a camada de papel com folhas ou palha seca. Isso fará com que todo o material depositado ao redor da planta se decomponha gradualmente, oferecendo nutrientes e protegendo o solo das ações desgastantes do sol e do vento, além de reter a água nas raízes das plantas por mais tempo.


Com o passar do tempo, o resultado é o exposto na foto acima. As plantas que se pretende proteger ficam livres da concorrência com o mato e assim se desenvolvem mais facilmente. Fácil, prático e natural!

Com textos e fotos da bióloga Clarice Lino

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Guarde bem a sua água

Vamos agora a uma rápida exposição sobre a construção de um valioso reservatório hídrico. A estrutura de ferrocimento é bastante utilizada
mundo afora e tem inúmeras vantagens: fácil de construir, custo razoável, grande capacidade de armazenamento e boa durabilidade. O formato cilíndrico da edificação tem por objetivo orientar toda a pressão da água para baixo, evitando rachaduras nas paredes. A obra exposta nesta postagem foi feita no Parque da Asa Sul (Brasília-DF), por meio de parceria entre a ONG Ipoema e os governos local e Federal. Abaixo, algumas fases da obra.


O primeiro passo é a definição da área do reservatório. Uma vez estabelecida a circunferência do alicerce, o terreno deve ser limpado e nivelado, antes da aplicação de uma massa forte.


O passo seguinte é organizar a estrutura de ferro que servirá para moldar o reservatório. Para essa etapa, usa-se a chamada tela de reforço, vendida já montada em lojas de materiais de construção.


Em um local plano, a tela de reforço de ferro deve ser revestida por uma tela mosquiteira, fixada de maneira bem justa, por meio de arames recozidos. Essa instalação é imprescindível para auxiliar a fixação da argamassa na armação metálica, criando uma superfície de aderência.


Na imagem acima, a exibição em detalhe da tela de
reforço de ferro revestida pela tela mosquiteira.


O trabalho ganha mais emoção na hora de colocar de pé a armação metálica. Essa etapa demandará mais de uma pessoa na atividade. Com o uso de arames, a futura parede deve ser amarrada na tela de reforço metálica, que também cobre o alicerce.


Na imagem acima, um detalhe da fase de instalação e da amarração das estruturas de ferro.

Após fechar a armação metálica em formato cilíndrico, o passo seguinte é o revestimento da estrutura com argamassa. Será necessário aplicar três demãos até a conclusão do trabalho. Na primeira, o traço ideal terá a seguinte proporção: 2 de cimento para 1 de areia.


Em detalhe, uma parte da armação metálica coberta com a
primeira demão de argamassa. Perceba que o revestimento tem
espessura bastante fina. E isso é o ideal!


Na obra desta exposição de fotos, o construtor tomou o cuidado de reforçar a estrutura com vergalhões de ferro, contornando toda a estrutura a cada 50cm de altura. Um zelo que evita o surgimento de rachaduras.



No vídeo acima, assista a uma breve etapa do trabalho de revestimento do reservatório com argamassa. Note que a massa deve estar bem firme para uma boa fixação vertical.


A aplicação do segundo revestimento de argamassa tem uma pequena diferença em relação ao primeiro. Nesta fase, entra um novo componente: a adição de um impermeabilizante. A proporção da mistura para fazer a massa fica da seguinte forma: 2 de cimento / 1 de areia / 2 litros de Sika1.



No vídeo acima, assista a mais um pouco do trabalho de revestimento do reservatório com argamassa.

Chegou a hora de concluir o trabalho! O reservatório de ferrocimento já revela formato bem definido, com revestimento nas partes interna e externa. Falta, porém, fechar o tanque, com uma cobertura. Abaixo, veremos algumas nuances de como isso pode ser feito (clique nas imagens para ampliar). Na foto acima, tirada no Parque da Asul (Brasília-DF), temos a casa de superadobe, que destinará a água da chuva caída sobre o telhado para o tanque, por meio do uso de calhas e tubulação.


O primeiro passo nessa etapa é o arremate da estrutura de ferro. Na parte superior do reservatório, deve-se cortar os excessos de telas e vergalhões.


Em seguida, os vergalhões são dobrados, de forma a servir como primeiro apoio e ponto de amarração da estrutura da cobertura que será instalada.



No vídeo acima, assista a como o jovem mestre Domingos
prepara o reservatório para receber a cobertura.



A estrutura da cobertura é preparada de forma semelhante ao corpo do reservatório e deve ser grande o suficiente para cobrir o espaço aberto no topo do tanque.


São necessários alguns braços fortes e bem dispostos para levar a armação da cobertura até o topo do reservatório. Após esticar e distribuir a estrutura na parte superior do tanque, deve-se fazer o escoramento para sustentar a cobertura.



Acima, assista ao breve vídeo com os primeiros instantes após a colocação da estrutura da cobertura sobre o topo do reservatório de ferrocimento.



Após acertar a posição da estrutura da cobertura, realiza-se o corte dos excedentes de vergalhões e telas para que se faça a amarração das armações de ferro. Veja no vídeo.


Acima, uma imagem da instalação da cobertura. O uso criterioso das escoras é importante para permitir o trabalho em cima da estrutura de ferro.


No detalhe (clique na imagem para ampliar), a amarração com arames recozidos entre as estruturas da cobertura e do corpo do reservatório de ferrocimento.



Uma parte importante do trabalho é a instalação da escotilha
de acesso ao reservatório. Assista ao vídeo acima.



Após a instalação da escotilha de acesso, seguem-se os últimos ajustes de posicionamento da cobertura, antes de iniciar a aplicação da argamassa.



No vídeo acima, um pouco do trabalho preliminar à aplicação
de argamassa na cobertura.



Para a aplicação da argamassa na cobertura, é necessário reforçar o escoramento, pois o peso aumenta significativamente. O reboco é iniciado pelo lado externo da cobertura.


Na foto acima, a aplicação da primeira camada de argamassa sobre a cobertura está quase completa. Externa e internamente, são necessárias duas demãos. Depois que o revestimento de fora seca, pode-se gradualmente retirar o escoramento para permitir o trabalho no interior do reservatório.


Antes da pintura, o reservatório passa ainda pelo revestimento de uma nata, feita com um traço que leva um saco de cimento e dois litros do impermeabilizante Sika 1, aplicada com o auxílio de uma bucha. Com a obra concluída, resta apenas instalar as calhas e a tubulação, com objetivo de destinar a água da chuva que cai sobre o telhado para o tanque de ferrocimento.


Não se pode esquecer, desde o início dos trabalhos, a previsão para um ladrão, na parte superior do reservatório, e de uma saída d'água, próxima à base da obra.
A construção exposta nesta postagem foi realizada no Parque da Asa Sul (Brasília-DF), por meio de parceria entre a ONG Ipoema e os governos local e Federal, sob a orientação do jovem mestre Domingos (61-8116-9885).