quarta-feira, 25 de abril de 2012

Como vovó já fazia

À beira do fogão à lenha, o tempo transcorre ao ritmo natural. É preciso colher os galhos, alimentar a chama e aguardar o calor forjar os frutos da terra ao paladar. Por vezes, a fumaça irrita os olhos, mas a espera por uma refeição de sabor único compensa o esforço.

Tijolo por tijolo (de 21 furos é uma boa opção), a estrutura ganha forma: vai abrigar forno, a chapa do fogareiro, além de compartimentos para cinzas e lenha. Quem tiver interesse em receber um manual com um modelo interesssante de fogão caipira, envie-nos um e-mail com a solicitação.

No Sítio Amarelo, fizemos a divisão dos compartimentos utilizando a técnica do superadobe – uma improvisação necessária, na falta de material mais comumente utilizado nesse tipo de serviço, mas que funcionou bem. Às vezes, um pouco de jazz cai bem nas construções.

A colocação da laje é um momento importante e delicado na construção do fogão caipira. O trabalho exige atenção na armação dos ferros e na confecção da massa, que suportarão o peso incidente sobre a estrutura.

Com o fogão finalizado, recorremos ao nosso estoque de cerâmicas para fazer o revestimento. Todas as peças utilizadas foram reaproveitadas de restos de obras. Um serralheiro da região confeccionou as tampas dos compartimentos e a válvula da chaminé.

E está servida a primeira refeição do fogão caipira do Sítio Amarelo. Um vizinho nos deu uma importante dica que reproduzimos aos menos experientes no uso do equipamento: "a lenha deve ser posicionada de forma cruzada, facilitando a passagem do ar para alimentar a chama. Gravetos e alguns jornais, por baixo dos galhos maiores, ajudarão a acender o fogo mais facilmente. E, na hora de utilizar o forno, a válvula da chaminé deve estar fechada".

Nas noites de lua cheia, dá para se aquecer à beira do fogão, tomando
um bom chá e curtindo a vista.

terça-feira, 10 de abril de 2012

Essa realidade precisa mudar

É vergonhoso, mas – em pleno século 21 – o Brasil ainda está repleto de lixões. Da capital do país aos municípios mais isolados, multiplicam-se os terrenos para onde, de forma absolutamente inapropriada, são destinados os produtos de uma sociedade que lamentavelmente ainda não aprendeu a lidar com a crescente tendência consumista. O resultado disso: contaminação do solo e da água, aumento da população de insetos propagadores de doenças e consequente prejuízo à saúde humana, de plantas e de inúmeros animais.


Em São João D'Aliança, na Chapada dos Veadeiros, município localizado a 160km de Brasília, esse problema se repete. Em uma vala a céu aberto, o lixo da cidade é reunido sem qualquer cuidado em relação à separação dos diferentes tipos de materiais. Segundo os moradores da região, quando o volume de resíduos aumenta muito, os administradores do local queimam as pilhas de sacos de lixo, deixando a cidade sob uma névoa tóxica e mal cheirosa.


Falta uma política minimamente eficaz quanto à gestão do lixo. São ignorados até mesmo cuidados elementares contra doenças de potencial epidêmico. É comum observar no lixão criadouros de mosquitos da dengue, com uma crescente pilha de pneus velhos estocados.


O manejo inapropriado dos resíduos gera prejuízos a fazendeiros da região, pois alguns animais acabam ingerindo sacolas inteiras de lixo e morrem por sufocamento ou outras indisposições orgânicas.
Materiais eletrônicos, que em princípio devem ter um descarte adequado e criterioso, pois contêm substâncias tóxicas e cancerígenas, também são dispensados no lixão, sem qualquer cuidado especial.


O Brasil tem uma que lei gere o manejo do lixo e, a princípio, deveria ter entrado em vigor em 2012. Mas como a maioria dos municípios se mostraram incapazes de se adequarem à norma, a aplicação da Política Nacional dos Resíduos Sólidos foi adiada para 2014 – ano de Copa do Mundo no país. Espera-se que os preparativos para o mundial de futebol não consumam os recursos necessários aos investimentos realmente prioritários.
Nesta quarta-feira (11/4/2012), parlamentares em Brasília lançam uma frente pelo incentivo à reciclagem. Boa iniciativa, que precisa superar o campo das intenções e se transformar em medidas práticas e reais. O país está em ano eleitoral para a escolha de novos prefeitos e vereados. É urgente que os gestores públicos se atenham a esse tema. Pelo bem do Brasil e do planeta, a população precisa exigir ações eficazes nessa área.