quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Delícia nativa: caju-do-cerrado

Num dia de primavera, em um passeio pelo Sítio Amarelo, provar essa suculenta dádiva nativa é praticamente obrigatório. O caju-do-cerrado (Anacardium humile) é rico em vitamina C, fibras e compostos antioxidantes, o que o associa à prevenção de doenças crônico-degenerativas, como câncer e diabetes. A castanha apresenta vitaminas B1 e B2, proteínas, lipídeos, niacina, fósforo e ferro. Para completar a lista de benefícios oferecidos, quando fermentado, o fruto fornece uma espécie de aguardente conhecida pelos índios como cauim.

As flores dos cajueiros são hermafroditas e unissexuais. As masculinas aparecem no início da floração e as femininas, no fim. A floração é polinizada por abelhas e vespas, dando origem aos frutos, que surgem em agosto ou setembro.

Bastante consumido por animais silvestres, o cajuzinho-do-cerrado encontra na fauna do bioma aliados ideais para ajudar na disseminação das sementes. A espécie tem excelente capacidade de germinação, mas é bastante suscetível à ação do homem e do fogo, o que a deixa ameaçada de extinção.

Portanto, colha, prove e plante!

Classificação científica

Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Sapindales
Família: Anacardiaceae
Género: Anacardium
Espécie: A. humile

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Nada se perde. Tudo se reaproveita

Quando iniciamos o projeto da construção da sede do Sítio Amarelo, estabelecemos que recorreríamos ao máximo possível de materiais reaproveitados. Além de optar pelo uso de técnicas sustentáveis, como o adobe e o superadobe, realizamos incansáveis buscas por contêiners em canteiros de obras, onde encontramos valiosas peças.

Nesta publicação, mostraremos alguns exemplos de reuso de materiais – a boa e velha reciclagem –, que nos renderam uma bela economia na construção da casa.

Na foto acima, os vidros que compõem a fachada foram retirados do descarte de obras de reforma em apartamentos de Brasília. Cortamos as peças nos tamanhos ideis e montamos a estrutura que ajuda a reduzir a chuva na varanda.

As seis portas que utilizamos na casa também foram todas retiradas de outras obras. No caso da peça que dá acesso à sala (na foto acima), foi realizado um corte – um pouco acima da linha de centro – de forma a realizar a abertura e o fechamento em dois tempos: a parte de baixo pode ficar fechada, enquanto a de cima permanece aberta. O mecanismo é ideal para dias de muito vento, sem perda na luminosidade.

As janelas da casa, que têm manilhas de concreto como estrutura, foram fechadas com peças de madeira, reaproveitadas de cabines de elevadores. A reforma em um condomínio residencial em Brasília descartou o material, feito de um tipo de compensado bastante compactado e resistente. Levamos as chapas de madeira até o marceneiro local. Com a ajuda da serra tico-tico, ele recortou os círculos para serem usados como janelas.

Nas aberturas menores, de forma provisória, utilizamos antigos discos de vinil. Afinal, somos da roça, mas somos modernos. Por aqui, som só no MP3.

A nossa odisseia pela reciclagem também invadiu a cozinha. A pia da sede do Sítio Amarelo também foi retirada de um contêiner e perfeitamente adaptada ao novo espaço.

No banheiro, para fazer o revestimento do piso e das paredes, utilizamos restos de peças cerâmicas, encontrados em canteiros de obras ou em lojas de materiais de construção. Os rodapés em toda a casa também foram feitos desse material. A pedra que serve de balcão para a pia foi retirada de um contêiner. Realizados alguns cortes nos cantos e estava novamente pronta para o uso.

A economia decorrente dessa estratégia de reuso de materiais é significativa, especialmente na fase de acabamento da construção, sabidamente a etapa mais dispendiosa de uma obra. Em termos ecológicos, também se dá uma generosa contribuição, pois poupa recursos e emagrece os lixões.

E nessa de brincar com materiais diversos, aparentemente já sem utilidade, pode-se até chegar a resultados artísticos, como essa parede de adobe musicalmente decorada. É vida que segue na melodia e ao ritmo natural... A lição do dia: nada se perde, tudo se reaproveita.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Como vovó já fazia

À beira do fogão à lenha, o tempo transcorre ao ritmo natural. É preciso colher os galhos, alimentar a chama e aguardar o calor forjar os frutos da terra ao paladar. Por vezes, a fumaça irrita os olhos, mas a espera por uma refeição de sabor único compensa o esforço.

Tijolo por tijolo (de 21 furos é uma boa opção), a estrutura ganha forma: vai abrigar forno, a chapa do fogareiro, além de compartimentos para cinzas e lenha. Quem tiver interesse em receber um manual com um modelo interesssante de fogão caipira, envie-nos um e-mail com a solicitação.

No Sítio Amarelo, fizemos a divisão dos compartimentos utilizando a técnica do superadobe – uma improvisação necessária, na falta de material mais comumente utilizado nesse tipo de serviço, mas que funcionou bem. Às vezes, um pouco de jazz cai bem nas construções.

A colocação da laje é um momento importante e delicado na construção do fogão caipira. O trabalho exige atenção na armação dos ferros e na confecção da massa, que suportarão o peso incidente sobre a estrutura.

Com o fogão finalizado, recorremos ao nosso estoque de cerâmicas para fazer o revestimento. Todas as peças utilizadas foram reaproveitadas de restos de obras. Um serralheiro da região confeccionou as tampas dos compartimentos e a válvula da chaminé.

E está servida a primeira refeição do fogão caipira do Sítio Amarelo. Um vizinho nos deu uma importante dica que reproduzimos aos menos experientes no uso do equipamento: "a lenha deve ser posicionada de forma cruzada, facilitando a passagem do ar para alimentar a chama. Gravetos e alguns jornais, por baixo dos galhos maiores, ajudarão a acender o fogo mais facilmente. E, na hora de utilizar o forno, a válvula da chaminé deve estar fechada".

Nas noites de lua cheia, dá para se aquecer à beira do fogão, tomando
um bom chá e curtindo a vista.

terça-feira, 10 de abril de 2012

Essa realidade precisa mudar

É vergonhoso, mas – em pleno século 21 – o Brasil ainda está repleto de lixões. Da capital do país aos municípios mais isolados, multiplicam-se os terrenos para onde, de forma absolutamente inapropriada, são destinados os produtos de uma sociedade que lamentavelmente ainda não aprendeu a lidar com a crescente tendência consumista. O resultado disso: contaminação do solo e da água, aumento da população de insetos propagadores de doenças e consequente prejuízo à saúde humana, de plantas e de inúmeros animais.


Em São João D'Aliança, na Chapada dos Veadeiros, município localizado a 160km de Brasília, esse problema se repete. Em uma vala a céu aberto, o lixo da cidade é reunido sem qualquer cuidado em relação à separação dos diferentes tipos de materiais. Segundo os moradores da região, quando o volume de resíduos aumenta muito, os administradores do local queimam as pilhas de sacos de lixo, deixando a cidade sob uma névoa tóxica e mal cheirosa.


Falta uma política minimamente eficaz quanto à gestão do lixo. São ignorados até mesmo cuidados elementares contra doenças de potencial epidêmico. É comum observar no lixão criadouros de mosquitos da dengue, com uma crescente pilha de pneus velhos estocados.


O manejo inapropriado dos resíduos gera prejuízos a fazendeiros da região, pois alguns animais acabam ingerindo sacolas inteiras de lixo e morrem por sufocamento ou outras indisposições orgânicas.
Materiais eletrônicos, que em princípio devem ter um descarte adequado e criterioso, pois contêm substâncias tóxicas e cancerígenas, também são dispensados no lixão, sem qualquer cuidado especial.


O Brasil tem uma que lei gere o manejo do lixo e, a princípio, deveria ter entrado em vigor em 2012. Mas como a maioria dos municípios se mostraram incapazes de se adequarem à norma, a aplicação da Política Nacional dos Resíduos Sólidos foi adiada para 2014 – ano de Copa do Mundo no país. Espera-se que os preparativos para o mundial de futebol não consumam os recursos necessários aos investimentos realmente prioritários.
Nesta quarta-feira (11/4/2012), parlamentares em Brasília lançam uma frente pelo incentivo à reciclagem. Boa iniciativa, que precisa superar o campo das intenções e se transformar em medidas práticas e reais. O país está em ano eleitoral para a escolha de novos prefeitos e vereados. É urgente que os gestores públicos se atenham a esse tema. Pelo bem do Brasil e do planeta, a população precisa exigir ações eficazes nessa área.

terça-feira, 13 de março de 2012

Investimento em bambu é líquido e certo

Entre as diversas espécies que planejamos cultivar no Sítio Amarelo, o bambu terá papel de destaque. Nossas primeiras mudas foram plantadas recentemente e, em pouco tempo, apesar de ainda não receberem uma adubação adequada, já apresentaram um expressivo crescimento. Se tratado corretamente, o bambu atinge ponto de corte em cerca de cinco anos, com varas de aproximadamente 10 metros de altura.


Nossas mudas têm sido preparadas da seguinte forma: com um arco de serra (segueta), cortamos a vara de forma a separar os brotos, que se desenvolvem nos entrenós; depois, plantamos cada seção em covas, que devem ser bem regadas e adubadas. Após serradas, as hastes de bambu resistem vivas durante um bom tempo, se mantidas em um recipiente com água.


Mas afinal de contas, por que plantar bambu? A resposta é evidente. Trata-se de um recurso madeireiro de alta resistência e uso diversificado, tendo como vantagem sobre outras espécies o potencial renovável.


O bambu pode ser utilizado da alimentação até a construção de moradias e veículos, como uma bicicleta. Essa variedade de produtos derivados é possível graças aos diferentes tipos da espécie, que variam em cores e dimensões (altura e espessura) – desde caules finos a mais robustos.


O potencial artístico do bambu também impressiona. Em uma recente exposição no Museu do Índio, em Brasília, ripas da espécie compuseram um grandioso cenário para abrigar as peças da amostra. O trabalho foi realizado pela equipe do professor Frederico Rosalino, uma das autoridades do ramo no Centro-Oeste do país. Em breve, voltaremos com mais informações sobre o cultivo e os usos do bambu. Fiquem de olho...

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Fruto bom do Cerrado

Mostramos acima uma das principais atrações dos últimos meses do ano no Sítio Amarelo. Nessa época, somos presenteados pela Mãe Natureza com a frutificação dos pequizeiros (Caryocar brasiliense Cambess), que ficam carregados com esse saboroso fruto do Cerrado, rico em vitaminas A e C.

Aos fãs da especiaria, vale destacar que o pequi não deve ser colhido dos galhos, pois ainda não estão maduros. Apenas os frutos caídos no chão já estão prontos para o consumo.

O pequizeiro é uma árvore protegida por lei, tendo o corte e a comercialização da madeira proibidos em todo o território nacional (Portaria Federal 54, de 5 de março de 1987). Além disso, a espécie é tombada no Distrito Federal (Decreto Distrital n° 14.783, de 17 de junho de 1993).

Do pequi, é possível extrair o óleo, a castanha e produzir medicamentos. A utilização medicinal do fruto se dá como afrodisíaco e no tratamento de problemas respiratórios. As folhas da árvore são adstringentes e estimulam o funcionamento do fígado.

Na culinária, uma das receitas mais conhecidas é o tradicional arroz com pequi, que provamos bastante a cada fim de expediente na construção da sede do Sítio Amarelo. Estão todos servidos?

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Banheiro se faz assim

Chegamos à fase de acabamentos e, evidentemente, já não resta dinheiro algum para continuar a obra. A estratégia, então – econômica e ambientalmente viável nessa etapa –, é apelar à criatividade e ao reaproveitamento de materiais. O banheiro da sede do Sítio Amarelo foi todo revestido com peças cerâmicas que sobraram de outras obras.


Com habilidade e paciência, o construtor esculpiu o piso e as paredes como um mosaico de cacos de cerâmica multicoloridos. Dessa forma, obtém-se um resultado único e artístico.


A pedra de mármore que sustenta a pia também foi reaproveitada de uma reforma e retirada diretamente de um contêiner. Lapidamos os cantos e conseguimos uma peça perfeita para o nosso objetivo. A cuba elipse era a última em uma loja e saiu por um precinho promocional. O sanitário usa o sistema de descarga econômica, com opção para fluxos d'água de 3 ou 6 litros.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Uma ilustre e bela visitante

As obras da sede do Sítio Amarelo estão praticamente concluídas, restando apenas a pintura e a instalação de portas e janelas. Por isso, iniciamos os trabalhos de recuperação de alguns móveis que nos foram generosamente doados, mas estavam guardados em um depósito improvisado, coberto por lonas. Quando nos preparávamos para retirar um pequeno armário, vejam só quem estava debaixo.


Desde o início da movimentação, já prevíamos que algo parecido poderia acontecer (como, de fato, ocorreu). Mantivemos a calma, apreciamos a beleza insinuante da serpente (algum leitor do blog arriscaria a identificação da espécie?) e pedimos gentimente para que ela procurasse outro abrigo.


Seguindo à risca nossa política de absoluto respeito à vida selvagem, com a ajuda de uma vara de bambu, levamos a cobra até um lugar seguro, em um ponto mais afastado da casa.


Ao contrário do que o senso comum proclama, as serpentes não são traçoeiras ou relacionadas ao pecado. Algumas culturas até as admiram como símbolos da sabedoria. Seja como for, o fato concreto é que esses seres exercem funções importantes no equilíbrio ecológico. Por isso, no Sítio Amarelo, não matamos as cobras, mas mostramos (e plantamos) o bambu.