É vergonhoso, mas – em pleno século 21 – o Brasil ainda está repleto de lixões. Da capital do país aos municípios mais isolados, multiplicam-se os terrenos para onde, de forma absolutamente inapropriada, são destinados os produtos de uma sociedade que lamentavelmente ainda não aprendeu a lidar com a crescente tendência consumista. O resultado disso: contaminação do solo e da água, aumento da população de insetos propagadores de doenças e consequente prejuízo à saúde humana, de plantas e de inúmeros animais.
Em São João D'Aliança, na Chapada dos Veadeiros, município localizado a 160km de Brasília, esse problema se repete. Em uma vala a céu aberto, o lixo da cidade é reunido sem qualquer cuidado em relação à separação dos diferentes tipos de materiais. Segundo os moradores da região, quando o volume de resíduos aumenta muito, os administradores do local queimam as pilhas de sacos de lixo, deixando a cidade sob uma névoa tóxica e mal cheirosa.
Falta uma política minimamente eficaz quanto à gestão do lixo. São ignorados até mesmo cuidados elementares contra doenças de potencial epidêmico. É comum observar no lixão criadouros de mosquitos da dengue, com uma crescente pilha de pneus velhos estocados.
O manejo inapropriado dos resíduos gera prejuízos a fazendeiros da região, pois alguns animais acabam ingerindo sacolas inteiras de lixo e morrem por sufocamento ou outras indisposições orgânicas.
Materiais eletrônicos, que em princípio devem ter um descarte adequado e criterioso, pois contêm substâncias tóxicas e cancerígenas, também são dispensados no lixão, sem qualquer cuidado especial.
O Brasil tem uma que lei gere o manejo do lixo e, a princípio, deveria ter entrado em vigor em 2012. Mas como a maioria dos municípios se mostraram incapazes de se adequarem à norma, a aplicação da Política Nacional dos Resíduos Sólidos foi adiada para 2014 – ano de Copa do Mundo no país. Espera-se que os preparativos para o mundial de futebol não consumam os recursos necessários aos investimentos realmente prioritários.
Nesta quarta-feira (11/4/2012), parlamentares em Brasília lançam uma frente pelo incentivo à reciclagem. Boa iniciativa, que precisa superar o campo das intenções e se transformar em medidas práticas e reais. O país está em ano eleitoral para a escolha de novos prefeitos e vereados. É urgente que os gestores públicos se atenham a esse tema. Pelo bem do Brasil e do planeta, a população precisa exigir ações eficazes nessa área.
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