Quem tem roça precisa de galinheiro. Esse espaço fascinante oferece produtos indispensáveis para uma boa vida no campo: alimentos e adubo. As aves trabalham ainda na limpeza do terreno, eliminando parte da vegetação rasteira e diversos insetos.
No Sítio Amarelo, a atividade com galinhas começou em julho de 2012. De lá pra cá, a experiência evoluiu bastante, com alguns obstáculos superados e um incremento constante da produtividade. O início foi tímido e precário. Eram apenas cinco aves e um pequeno cercado perto da casa, com o objetivo principal de eliminar o mato.
No entanto, não demorou muito para o primeiro desafio se apresentar. Numa região privilegiada, com bastante Cerrado ainda preservado, a fauna nativa está sempre por perto. Um lobo-guará logo acabou atraído pelas apetitosas aves. Certa noite, com a ajuda de um arbusto, o bicho escalou a cerca do pequeno galinheiro e passou para dentro. As galinhas se agitaram. O dono da casa pegou uma lanterna e, sem saber o que acontecia, foi dar uma olhada. No quintal mal iluminado, viu um animal grande, peludo e dourado. Entre os dentes, carregava o coitado do Melodia (era esse o nome do galo).
O homem começou a esbravejar. O lobo-guará se assustou e correu de um lado para o outro, batendo de cabeça, com violência, contra a tela de arame. Era uma cena selvagem e espetacular. Na terceira tentativa, o bicho arrebentou a cerca e fugiu. A uma certa distância, parou e olhou para trás, talvez pensando em recuperar a ave abatida. O dono da casa gritou mais uma vez e o animal se refugiou na escuridão da mata.
Estava evidente que o galinheiro precisaria passar por sérios ajustes, caso se desejasse algum retorno produtivo. Uma nova área foi delimitada: maior e mais distante da casa – como deve ser. A cerca ganhou reforço, com uma tela reforçada na parte inferior. Usando estacas de bambu, barro e telhas de papelão reciclado, construiu-se o indispensável abrigo para as aves. Finalmente, nascia um galinheiro minimamente digno e respeitável.
O lobo deixou de ser problema. Uma vez ou duas, foi visto rondando a cerca, espiando as galinhas, mas não mais invadiu o espaço. Outros animais menores, no entanto, passaram a incomodar. Primeiro, o lagarto tiú (ou teiú), um voraz devorador de ovos. Mas pedras e galhos vedando bem o pé do cercado se mostraram uma solução satisfatória para afastar o réptil. Contudo, gaviões e alguns gambás ainda provocam certo prejuízo. Num sistema que se pretende orgânico, não tem jeito: 10% fica com a natureza. O restante é lucro!